anestesiada
Já acordei às seis, por medo de perder a escola. Corri pelas ruas só para pegar o ônibus e entrei atordoada fazendo com que todos me olhassem apavorados. Já esqueci objetos quaisquer em todos os lugares, e parei em frente à uma loja quando vi que passava algo interessante na televisão. Eu até disputei a frente de um ventilador potente num dia de calor, só para que minha voz saísse interrompida entre as hélices, e minha mãe achasse graça. Já quis escrever com a mão esquerda por achar mais bonito. Andei de pés no chão, suei, e tive preguiça de tomar banho. Comi bala e não quis escovar os dentes sem que mamãe viesse me ajudar. Em noites, senti frio. N'outras, quase derreti. Já peguei sorvetes, derramei em meus amigos e até me diverti com isso. Preste atenção, essa sou eu, criança, quase boba, despreocupada, feliz. Hoje, acordo na esperança de que alguém atravesse o meu caminho e apenas me faça sorrir, um amigo qualquer, um sorriso qualquer. Não me importo tanto em parar em cada esquina, assistir televisão, ou falar frente ao ventilador. Quero tanto menos, ou mais. Músicas são minhas companheiras, livros são minha história. Vivo de olhos fechados. Impressionada comigo mesma, sou tranquila, e tão irritada. Passaria tardes inteiras observando crianças trocando palavras, com inveja de tudo que elas podem e eu não. Ficaria noites jogando com meus primos, mas não. Meus compromissos pedem meu sono, e o tempo é meu dono. Eu quase não vivo, sou vivida. Anestesiada, esta sou eu, insensível, inexistente. Só peço que alguém me alegre, para amenizar meu mau humor, e tornar mais fáceis os meus dias. Não preciso de um amor. Angústia feia esta, de não ser mais criança.

Posted on quinta-feira, 6 de maio de 2010 @ 11:17


biography
Na identidade: Tárcylla Barreto Alves, 16 anos, fututra estudante de Relações Púbicas. Na prateleira: Caio F. Abreu, Clarice Lispector, Tati Bernardi, Martha Medeiros, Verônica H, Brena Braz, etc. No fone de ouvido: Charlie Brown Junior, Pitty, Cmtn, Los Hermanos, Nando Reis, Lady Gaga, entre outras tantas... No Coração: Uma fé gigante, uma vontade de algo que não se define, uma inconstância que nem eu entendo, um medo de terminar sozinha, uma mania de querer todo mundo por perto, um peso que nunca vai embora, um vazio que me cansa. Eu não quero rótulos nem roteiros prontos. Não sou produto, sou só coração. Eu sou reticências. Sou 3 pontinhos. Sou o não-dito. Sou emoção e desejo. Palavras são o meu antídoto. Anti-monotonia, anti mau-humor, anti todo o amor que não há...



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